Na sua terceira passagem pelo Flamengo, Vanderlei Luxemburgo completa 50 jogos no comando do time diante do Santos, nesta quarta-feira, às 21h50m, na Vila Belmiro. São 24 vitórias, 21 empates e apenas quatro derrotas. O técnico que chegou vestindo terno impecável e “cavucando minhoca em barro duro” - como gosta de dizer -, hoje veste as cores do time à beira do campo na moda casual. A roupa mudou, o treinador “bateu campeão” estadual e já enfrentou situações “para mais de metro” desde seu retorno, no dia 5 de outubro do ano passado. Com expressões que viraram marca registrada, em quase dez meses no Rubro-Negro, Luxa já teve atritos, questionamentos, irritações e título. Atualmente, debate a questão dos empates.
No ano passado, com uma passagem muito abaixo da média pelo Atlético-MG, Vanderlei foi demitido do Galo com a equipe na zona de rebaixamento. O treinador disse que precisava se reciclar, mas uma semana depois já assumia o Fla no lugar de Silas com a missão de salvar o time do rebaixamento. O contato foi feito pelo gerente de futebol Isaías Tinoco.
Ele “cavucou minhoca em barro duro” e conseguiu ajudar o time a fugir da Segundona. Agindo como uma espécie de manager, Vanderlei tratou de negociações, levou o futebol definitivamente da Gávea para o Ninho do Urubu, acompanha de perto as obras no Centro de Treinamento, monitora as divisões de base e tem conhecimento de tudo o que se passa nos bastidores do clube.
O técnico teve um de seus momentos de maior irritação quando o assunto Adriano veio à tona, na atual temporada. Luxa não era favorável à contratação do atacante. Alguns setores do clube defendiam o retorno do Imperador, torcedores fizeram manifesto e pressão. O treinador se expôs e chegou a sentir falta de respaldo da presidente Patricia Amorim. Naquele momento, ele chegou a tirar o time do Rio por uma semana para um período de treinos em Atibaia-SP. O atacante acertou com o Corinthians e o assunto foi superado.
A agitada vida noturna de Ronaldinho Gaúcho, aliada ao baixo rendimento em campo, também mexeu com Luxa na passagem atual pelo Flamengo. Dizendo-se mais calmo, o técnico, mesmo contrariado, conseguiu contornar a situação sem um grande embate. Entretanto, foi preciso recorrer ao irmão e empresário do astro, Roberto Assis. O diretor de futebol Luiz Augusto Veloso o procurou para analisar os excessos do camisa 10.
Nos últimos dias, nova polêmica: Thiago Neves e os cartões amarelos. O camisa 7 incorporou o supersincero e revelou que teria combinado com Ronaldinho Gaúcho forçar a advertência diante do Palmeiras sem o conhecimento de Luxemburgo. O técnico esbravejou, Thiago afinou, isentou Ronaldinho de culpa e a questão está solucionada.
No Rubro-Negro, Vanderlei sempre ouviu críticas. Durante o Estadual, mesmo com o time questionado, “bateu campeão”, como ele diz.
Na Copa do Brasil, Luxa sofreu a primeira (e única) derrota no ano até aqui: 2 a 1 para o Ceará, no Engenhão. A equipe foi eliminada com empate por 2 a 2 no jogo de volta, em Fortaleza, e deixou a competição nas quartas de final precocemente. A primeira chance de chegar à Libertadores, principal meta do clube na temporada, escapara por entre os dedos.
No Brasileiro, o time está invicto e ocupa a terceira colocação com 21 pontos. São cinco vitórias e seis empates, sendo quatro em sequência. O último foi diante do Ceará, 1 a 1, em Macaé.
- Só o Corinthians é a exceção no Brasileiro. Estamos no bolo. Ruim foram os empates com Atlético-PR (1 a 1) e Bahia (3 a 3). Contra o Ceará, estávamos desfalcados - comentou o treinador, depois da partida.
Para rechaçar as críticas ao grupo, aumentou o tom de voz e sugeriu mel para adoçar a vida.
Luxemburgo não demonstrou nenhuma grande reação quando foi informado sobre o jogo de número 50. Nenhuma declaração ou comentário mais aprofundado.
Diante do Santos, com o retorno de Ronaldinho e Thiago Neves, o técnico luta pela vitória. Um empate, jogando fora de casa, diante de um time com Ganso, Neymar, Ibson, Elano e companhia, talvez não entre para a pauta de discussão de tropeços. Se entrar, é como ele sempre diz: “Não tenho medo de porrada”.
Esta é a terceira vez que o treinador comanda o Flamengo. Em 1991, foram 52 partidas (24v/14e/14d); em 95, 46 jogos (27v/10e/9d). No geral, Vanderlei esteve à frente da equipe 147 vezes, com 75 vitórias, 45 empates e 27 derrotas.